Diga-me Adeus

10:41:00 6 Comments A+ a-

Lançamento independente
Conto - 10 páginas
Capa. Dri K.K


Lancei esse conto na Amazon gratuitamente em 2015 para participar do concurso Brasil em Prosa, mas acabei o retirando da plataforma. Como recebi tantas mensagens lindas, decidi transformá-lo em um romance completo, por isso, deixarei o conto postado gratuitamente aqui para vocês matarem a saudades de Rose e Dante enquanto eles não retornam oficialmente. 😊


Rose acreditava ter encontrado o homem de sua vida, até descobrir que Dante era um assassino de aluguel contratado para matá-la. Agora, ela irá descobrir se ele aceitará a recompensa ou irá decidir protegê-la.


Capítulo Único 


Quando ouviu o som da arma sendo engatilhada, todas as suas suspeitas a respeito daquele homem foram instantaneamente respondidas.
Ele não a amava.
Ele era um assassino.
E ele fora contratado para matá-la.
Foi como receber um golpe direto em seu peito, abrindo cada camada até chegar ao seu coração e fazê-lo sangrar até que não restasse uma única gota dentro dela. Não fora necessário receber um tiro para se sentir morta. Passara meses sonhando em ter um futuro colorido com aquele homem; ele a matara sem nem mesmo ter puxado o gatilho.
Não havia nada pior do que falsas esperanças para destruir uma alma carente.
Lentamente, Rose apoiou a taça de champanhe no peitoril da janela de vitral antes de virar-se. O escritório estava mergulhado em uma suave penumbra, com sombras entrelaçando-se com a claridade da lua. A primeira coisa ela que viu foi o brilho da arma apontada em sua direção. Um gosto amargo tomou sua boca ao ver que a mão que segurava a arma com fria experiência, era a mesma que havia acariciado com reverência cada parte do seu corpo.
Dante havia tirado o casaco do smoking e o laço, ficando apenas com a camisa social aberta no colarinho e as mangas dobradas até os cotovelos. O cabelo que sempre fora mantido em penteados impecáveis, estava com mechas negras caindo-lhe sobre os olhos de forma desleixada, como se ele houvesse se penteado com as mãos repetidas vezes de modo nervoso.
Quando seus olhos se encontraram, Rose sentiu seus batimentos cardíacos diminuírem até que seu coração ficasse completamente paralisado, transformando-se em uma caixa escura e vazia.
- Acho que teremos de cancelar o casamento, querido. – conseguiu encontrar a voz, embargando as sílabas em um timbre tranquilo.
- Eu sinto muito, Rose. Mas são apenas negócios. – a frieza nas palavras de Dante vibrou nela como se viesse de uma tempestade.
- Negócios. É claro. – conteve a vontade de encolher os ombros, tentando projetar-se para dentro de si mesma. Já deveria ter aprendido que tudo estava relacionado ao dinheiro e ao poder. Obviamente um homem como Dante não olharia para uma jovem como ela sem levar em consideração os benefícios.
E ele estava lhe mostrando o que ela sempre seria. Passageira. Um negócio. Jamais uma mulher com direitos a sonhos românticos e um final feliz.
Dante deu um passo à frente, saindo das sombras e revelando seus traços aristocráticos que sempre a fizeram compará-lo com uma escultura grega, repleto de detalhes pecaminosamente atraentes. Rose sentiu-se doente ao pensar que mesmo diante da dor que a serrava até a alma, morreria amando o bastardo.
- Nossa relação foi longe demais. – Dante disse, encarando-a profundamente com seus olhos azuis.
- Meu pai não teve condições de cobrir o preço oferecido pela minha cabeça para que você me protegesse em vez de me matar. – Rose virou-se para pegar seu champanhe, antes de voltar a encará-lo por cima da taça de cristal. – Se eu fosse um grande cretino filho da mãe, também teria escolhido a opção mais vantajosa.
Suas emoções estavam tão submersas em um poço de lodo que Rose não sabia dizer se a dor que passara pelos olhos de Dante diante de seu ataque verbal fora sincero ou apenas um reflexo do que ela própria estava sentido.
- Eu amo você, Rose. – Dante murmurou, o maxilar trincado com força.
Era quase um lirismo mórbido ele dizer as únicas palavras que ela havia ansiado em ouvir com todas as forças antes de matá-la. Rose precisou conter uma gargalhada diante de tudo aquilo.
O amor de Dante fora uma mentira. Ela deixou-se iludir por algo irreal. Era uma coisa boa que ainda tivesse vontade para rir, melhor do que começar a chorar ou implorar por clemência.
Ela daria um tiro na própria testa antes que suas barreiras emocionais se rompessem completamente e começasse a chorar.
- Você tem uma maneira estranha de demonstrar isso, Dante.
- Pensei que o pedido de casamento tivesse deixado claro os meus sentimentos por você.
Ele parecia profundamente aborrecido, como se estar naquela situação fosse tão desagradável quanto quebrar uma perna.
- O anel não veio com um bilhete explicando a cláusula que eu teria que estar morta. – Rose alfinetou.
- Eu vi o seu vestido. Você teria ficado maravilhosa nele.
- Deveria ter esperado para a noite de núpcias. – Rose ergueu uma sobrancelha de modo debochado. - Minha camisola teria lhe causado um enfarte.
- É vermelha como os seus cabelos?
- Preta como o seu coração.
- Eu não tenho um coração, amor. – Dante ajeitou a arma na mão. – Eu o perdi há meses para uma jovem atrevida.
Rose sentiu a mudança imediata de temperatura no escritório. O ar gélido dando lugar a algo mais sereno e íntimo que acalentou alguns milímetros o seu ódio.
- Que tipo de jogo doentio você está fazendo agora? – sua voz estava por um fio, assim como seu autocontrole.
As covinhas de Dante apareceram quando seu sorriso se ampliou.
- Diga-me adeus agora, Rose.
Ela tinha outro tipo de despedida em mente.
- Vá se foder.
Ele movimentou a cabeça de forma discreta e quase superficial em direção a um canto da sala. Rose franziu o cenho e, com a mesma cautela, olhou para a pequena luz vermelha que brilhava acima da estante de livros.
Eles estavam sendo filmados.
- O que? – voltou a encará-lo. As peças em sua cabeça funcionando em velocidade máxima para entender o que de fato estava acontecendo. – Você que colocou?
- Sim.
- É para guardar de recordação?
- Diga-me adeus. – Dante repetiu, e num suspirar, a máscara fria e sombria em seu rosto caiu, revelando um sentimento tão intenso que quase a fez ficar sem ar.
Confie em mim. Ele parecia implorar, os olhos atormentados e contaminados por um medo excruciante.
Que Deus a ajudasse, mesmo não sabendo o que Dante estava tramando, iria lhe dar o benefício da dúvida pelo simples fato de que sua última centelha de esperança estava gritando.
Talvez ela não fosse apenas mais um negócio. Talvez a relação dos dois não fosse uma mentira.
- Adeus. – Rose sussurrou.
O tiro soou, cortando o silêncio da noite em uma trovoada poderosa. A dor em seu ombro explodiu imediatamente, espalhando-se até suas extremidades com violência. A força do golpe a lançou para trás, fazendo suas costas se chocarem contra o vitral da janela.
Podia sentir o sangue, o cheiro acre de pólvora e o perfume de Dante.
O filho da puta havia realmente atirado nela.
- Você errou. – conseguiu dizer, arfando enquanto tentava levar a mão para estacar o sangramento.
Dante estava ao seu lado em um piscar de olhos, impedindo que se movesse e a boca colada em seu ouvido.
– Eu vou tirar você daqui, fique quieta, amor. Eles estão nos vendo.
Tudo estava rodando como se estivessem em um carrossel. Se ela começasse a ouvir alguma música e ver luzes, iria finalmente ceder para a histeria.
- Dante? O que você está fazendo?
Ele a ergueu nos braços. Rose deixou a cabeça cair contra seu peito, ocultando o rosto da câmera.
- Me livrando do corpo.
Ela bufou. Era bom saber que um dos dois parecia estar se divertindo enquanto o outro esvaia-se em sangue.
- Você precisa melhorar o seu senso de humor. –a respiração descompassada a fazia tropeçar nas palavras. - Meu pai cobriu a oferta, então?
- Não. – Dante respondeu, caminhando para fora da mansão o mais rápido possível antes que alguém aparecesse para verificar a veracidade do serviço. – Mas os inimigos dele também não cobriram o meu preço.
- Como assim? – ela ia desmaiar, podia sentir suas forças desaparecendo de seu sistema junto com o sangue que banhava seu braço e pingava no chão de mármore, formando uma trilha pontilhada atrás deles.
- O meu preço é você, Rose. – Dante pousou os lábios em sua testa. – Você é tudo o que eu quero.
Ele havia encenado tudo. Rose concluiu, começando a imaginar mil forças de vingar-se do cretino por tê-la quase enviado ao inferno. A caixa vazia em seu peito desapareceu, dando espaço para que seu coração voltasse a pulsar com vida e força.
Ele não a matou.
Ele a escolheu.
- Onde está o meu pai?
- Esquiando em Aspen.
Rose piscou. Era um alivio saber que seu pai estava seguro, mas ao mesmo tempo, era igualmente revoltante saber que ele havia a abandonado para morrer. Ou quase.
- Ele sabia que eu a protegeria com a minha própria vida se fosse necessário. – Dante disse, como se ouvisse seus pensamentos.
- Você me ama?
- Amo.
A ferocidade em sua resposta afastou todas as inseguranças de Rose com a potência de um tornado, varrendo seus medos para longe.
- Por que? – ela apertou os olhos, tentando clarear a visão e decidir-se para qual Dante deveria olhar. Haviam três.
- Nós teremos a vida inteira para eu lhe mostrar todos os meus motivos.
- Então nós vamos nos casar? – nada lhe parecia mais importante do que a resposta para aquela pergunta, mesmo o momento sendo indiscutivelmente embaraçoso.
Nenhuma mulher deveria receber uma declaração de amor quando estava com o vestido todo sujo e amassado. E ela não queria nem imaginar como estava o seu cabelo.
Rose balançou os pés para certificar-se de que pelo menos ainda estava usando os seu Louboutin.
Espere.
Por que ela estava voando?
A risada de Dante vibrou contra sua bochecha.
- Por ter certeza de que iremos nos casar. – a colocou delicadamente dentro do carro que havia estacionado em frente a mansão para facilitar a fuga. - Mas você vai me mostrar aquela camisola muito antes da nossa noite de núpcias, amor.
FIM

6 comentários

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Unknown
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26 de dezembro de 2016 às 13:27 delete

Lena você vai escrever um livro com base neste conto???? Quero mais do Dante e da Rose, mas quero mais o Dante rsrsrs.
Alguma chance do conto voltar a amazon????

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Helena Stein
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26 de dezembro de 2016 às 14:30 delete

Amore, to planejando esse romance para o final de 2017/começo de 2018... Então deve demorar mais um aninho até sair e ser lançado como independente.

A questão do conto voltar pra Amazon ainda não sei, porque teria que ser cobrado para ser lido já que a Amazon só libera ebooks gratuitos por 5 dias, e acho injusto cobrar por algo tão pequeninho.

Mas vou pensar direitinho como farei e te digo. :D
Beijão.

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Unknown
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26 de dezembro de 2016 às 16:10 delete

Ameiiiii, Helena!!!!
Ansiosa pelo livro!.:)

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Helena Stein
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29 de dezembro de 2016 às 12:34 delete

Ownnn... obrigada minha linda. <3
Fico muito feliz!

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Helena Stein
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29 de dezembro de 2016 às 12:34 delete

Ownnn... obrigada minha linda. <3
Fico muito feliz!

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